De: Cida Pedrosa | |
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quero | |
pelos olhos da cidade | |
apreciar papoulas | |
abertas de par em par | |
para deleite dos cãezinhos | |
e colares de pérola de maiorca | |
(a pressa atropela a solidão do homem | |
que vende pipoca na esquina | |
o vento do carrro | |
levanta a saia da moça lilás | |
para felicidade dos operários | |
já libertos do andaime | |
e da rigidez das horas) | |
quero | |
pelos olhos da cidade | |
sentir cheiro de pão e de fuligem | |
de brisa e de cimento | |
e testemunhar o preciso instante | |
em que o beija-flor afaga | |
a papoula aberta de par em par.
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Para Quem aprecia a poesia como uma arte de verbalizar sentimentos... Quem quiser comentar sobre poesia,desde poetas clássicos a contemporâneos podem adicionar meu end de e-mail deza_777@hotmail.com obrigada pela visita!
sexta-feira, 8 de julho de 2011
Passeio pelas ruas do espinheiro
sábado, 23 de abril de 2011
Pequei, Senhor, mas não porque hei pecado[1]
Da vossa piedade me despido,[2]:
Porque quanto mais tenho delinqüido,
Vos tenho a perdoar mais empenhado.
Se basta a vos irar tanto um pecado,
A abrandar-vos sobeja um só gemido:
Que a mesma culpa que vos há ofendido,
Vos tem para o perdão lisonjeado.
Porque quanto mais tenho delinqüido,
Vos tenho a perdoar mais empenhado.
Se basta a vos irar tanto um pecado,
A abrandar-vos sobeja um só gemido:
Que a mesma culpa que vos há ofendido,
Vos tem para o perdão lisonjeado.
Se uma ovelha perdida e já cobrada[3]
Glória tal e prazer tão repentino
Vos deu, como afirmais na Sacra História:
Eu sou, Senhor, ovelha desgarrada;
Cobrai-me; e não queirais, Pastor Divino,
Glória tal e prazer tão repentino
Vos deu, como afirmais na Sacra História:
Eu sou, Senhor, ovelha desgarrada;
Cobrai-me; e não queirais, Pastor Divino,
Perder na vossa ovelha a vossa glória.
(Gregório de Matos)
(Gregório de Matos)
segunda-feira, 24 de janeiro de 2011
Pastor Amoroso
Quando eu não te tinha
Amava a Natureza como um monge calmo a Cristo...
Agora amo a Natureza
Como um monge calmo à Virgem Maria,
Religiosamente, a meu modo, como dantes,
Mas de outra maneira mais comovida e próxima.
Vejo melhor os rios quando vou contigo
Pelos campos até à beira dos rios;
Sentado a teu lado reparando nas nuvens
Reparo nelas melhor...
Tu não me tiraste a Natureza...
Tu não me mudaste a Natureza...
Trouxeste-me a Natureza para ao pé de mim.
Por tu existires vejo-a melhor, mas a mesma,
Por tu me amares, amo-a do mesmo modo, mas mais,
Por tu me escolheres para te ter e te amar,
Os meus olhos fitaram-na mais demoradamente
Sobre todas as cousas.
Não me arrependo do que fui outrora
Porque ainda o sou.
Só me arrependo de outrora te não ter amado.
( Alberto Caeiro/ Fernando Pessoa)
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